Em resumo : GITEX EUROPE x Ai Everything, evento dedicado às tecnologias da informação e IA, focou na inovação sustentável durante seu evento em Berlim. A IA foi destacada por seu potencial de reduzir emissões de gases de efeito estufa, mas também questionada por seu próprio custo energético. As discussões ressaltaram o crescente interesse dos investidores pela 'climate tech' e a importância de uma abordagem sistêmica para a transição energética.
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Organizado anualmente em Dubai desde 1981, GITEX (Gulf Information Technology Exhibition) é uma das maiores feiras mundiais dedicadas às tecnologias da informação, inovação digital e agora à IA. Após uma extensão para Marrakech em 2023 com GITEX Africa, GITEX EUROPE x Ai Everything, aconteceu em Berlim de 21 a 23 de maio, focando na inovação sustentável durante seu dia de encerramento.
O evento, realizado no Messe Berlin, reuniu mais de 1.400 expositores, 750 startups, 600 investidores e 500 palestrantes de mais de 100 países.
Um desafio ecológico e econômico
Com mais de 50% de sua eletricidade agora proveniente de fontes renováveis, a Europa atingiu um marco simbólico. Mas, segundo a Comissão Europeia, enfrenta um déficit de investimento de 350 bilhões de euros por ano para cumprir seus compromissos de neutralidade de carbono até 2050.
O Green Digital Action Summit, coorganizado pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) e pela Agência Alemã para o Meio Ambiente (UBA), destacou o papel da IA e do Big Data, a importância de padrões comuns, regulamentações adaptadas e uma governança coletiva das infraestruturas digitais para garantir o cumprimento dos compromissos climáticos.
IA, entre promessa climática e custo energético
Segundo algumas estimativas, a IA poderia reduzir de 5 a 10% as emissões de gases de efeito estufa, o equivalente ao total das emissões europeias. Graças às redes inteligentes, previsões energéticas avançadas e à gestão otimizada das infraestruturas, ela poderia se tornar o "sistema operacional" das energias renováveis, estabilizando e orquestrando os recursos distribuídos. No entanto, sua própria pegada de carbono, especialmente ligada aos centros de dados, levanta questões sobre a sustentabilidade de sua implementação.
Dirk Messner, presidente da UBA, destacou que a inovação digital e a IA devem ser exploradas de forma inteligente para apoiar a transição energética sem agravar o consumo de energia.
Investimentos mudam para a energia verde
O programa GITEX Green Impact destacou o crescente interesse dos investidores por soluções na interseção da transição energética e da inovação digital. Fundos como SET Ventures ou Future Energy Ventures apostam em uma nova geração de startups de IA, focadas na gestão inteligente de recursos energéticos. Esta mudança marca uma evolução notável: a "climate tech" não se limita mais à produção de energia limpa, mas agora se estende a ferramentas de otimização, análise preditiva e controle automatizado.
Rumo a uma arquitetura sistêmica de transição
Vários palestrantes destacaram a importância de uma abordagem sistêmica, onde a transição energética não seria tratada por silos, mas pensada como um conjunto interdependente. O alinhamento entre políticas públicas, ferramentas tecnológicas, formação de competências e compartilhamento de dados abertos aparece como uma alavanca central.
GITEX EUROPE 2025 permitiu estabelecer as bases de um roteiro para a transição energética da Europa, conduzida não apenas pela tecnologia, mas pela coordenação dos atores, alocação de capital e regulação dos usos.
Para entender melhor
Como a IA pode contribuir concretamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa?
A IA pode otimizar a gestão de redes elétricas através de previsões energéticas avançadas, estabilizar energias renováveis pela orquestração de recursos e reduzir as perdas de energia, contribuindo assim para a redução das emissões.
Quais são os padrões comuns e regulamentações necessários para o desenvolvimento de IA no contexto da transição energética?
Os padrões comuns incluem protocolos para interoperabilidade dos sistemas energéticos, enquanto as regulamentações focam na segurança dos dados, transparência dos algoritmos e responsabilidade pelas decisões automatizadas, cruciais para uma transição energética eficaz.