À medida que as restrições americanas sobre a exportação de componentes estratégicos se intensificam, a China redobra esforços para afirmar sua autonomia tecnológica em inteligência artificial. Durante uma sessão do Bureau Político do Partido Comunista Chinês, o presidente Xi Jinping pediu o fortalecimento das bases científicas e industriais do país para construir um ecossistema de IA "independente, seguro e justo".
Em julho de 2017, o Conselho de Estado do governo chinês revelou o "Plano de Desenvolvimento de Inteligência Artificial de Nova Geração" (NGAIDP), mostrando claramente a ambição do país: tornar-se o líder mundial em IA até 2030. Enquanto a UE, o Reino Unido, a Rússia e outras nações buscam se posicionar nesta corrida tecnológica, a China está em competição direta com os Estados Unidos pela supremacia neste campo. Rivalidade obriga, estes últimos fazem de tudo para contrariar os esforços chineses: restrições na exportação de chips e anúncio de aumentos exorbitantes de tarifas aduaneiras.
Para alcançar seus objetivos, a China investe massivamente em IA e mobiliza atores públicos e privados. Enquanto os Estados Unidos querem relocalizar os semicondutores, o império do Meio visa a autossuficiência. Treinado com recursos materiais limitados, o chatbot chinês DeepSeek mostrou-se capaz de rivalizar com seus concorrentes ocidentais. Para o R2, a próxima geração do modelo que o alimentará, a startup teria optado por uma alternativa local aos GPUs da NVIDIA, conforme recomendado pelo governo: os Ascend 910B da Huawei.
Segundo o relatório da Xinhua, a agência de notícias oficial do governo chinês, o presidente declarou:
"Diante da rápida evolução das tecnologias de IA de nova geração, a China deve aproveitar plenamente as vantagens do novo sistema de mobilização de recursos em nível nacional, apoiar a autonomia e o auto-reforço, dar prioridade ao desenvolvimento orientado para aplicações e promover o desenvolvimento saudável e ordenado do setor de IA do país em uma direção benéfica, segura e justa".
Para Xi Jinping, a dependência tecnológica atual é um ponto de vulnerabilidade para a China. Reconhecendo lacunas existentes em termos de teorias fundamentais e tecnologias-chave como chips e softwares básicos, ele insistiu na necessidade de uma autonomia completa das infraestruturas materiais e de software. O presidente também destacou a importância de formar em IA desde tenra idade e melhorar as estruturas de apoio aos pesquisadores.
Se o discurso oficial insiste na autossuficiência, o presidente chinês não descarta a cooperação internacional. Ele até mesmo apela a uma governança global da IA "baseada em um amplo consenso", e a uma ajuda aumentada aos países do Sul global.
Para entender melhor
Qual é a história das restrições dos EUA sobre a exportação de semicondutores para a China?
As restrições dos EUA começaram em 2018 com a ampliação das listas de tecnologias que exigem licença para exportação para a China, visando limitar o acesso a componentes cruciais para a tecnologia de IA.